Julho 1, 2020 Por Arte & Dente 0

Oito passos para o planejamento estético em prótese dentária

O planejamento estético é claramente mais complexo que estes oito passos que vamos apresentar. Questões funcionais e biológicas determinarão o sucesso e a estabilidade do caso. Enceramentos diagnósticos e análises digitais do sorriso também devem ser considerados.

1. Contorno e morfologia gengival: a saúde, simetria e arquitetura gengival têm um papel fundamental na estética do sorriso. A gengiva deverá ter um aspecto ondulado, contornando os dentes em forma de arco côncavo regular, com simetria em ambos os lados da linha média. Os espaços interdentais (ameias cervicais) devem ser preenchidos por papilas gengivais. Para tanto, a distância da crista óssea proximal em relação ao início do ponto de contato interproximal não pode exceder 5 mm. Nestes casos, a papila não preencherá totalmente o espaço interproximal e a presença de um espaço negro (black space) criará um problema estético. Em situações em que a causa do black space está relacionada à anatomia dental, sem perda de crista óssea interproximal, podemos alterar a morfologia dos dentes com restaurações de resina composta ou cerâmicas, modificando a posição do ponto de contato para que fique mais próximo da crista óssea interproximal, sempre tomando cuidado com a simetria das papilas.

2. Zênites gengivais: o zênite é o ponto mais apical do contorno gengival em cada dente. Nos incisivos centrais e caninos, geralmente, está situado discretamente para a distal em relação ao longo eixo dos dentes. No caso dos incisivos laterais superiores e dos incisivos inferiores, o zênite coincide com o longo eixo desses dentes. Idealmente, os contornos gengivais de caninos e incisivos centrais devem estar horizontalmente alinhados, com o contorno gengival dos incisivos laterais suavemente mais para a coronal (1 mm). A união dos zênites destes três dentes formará um triângulo simétrico em ambos os lados da linha média. Esse alinhamento simétrico, porém não uniforme, confere naturalidade ao conjunto dental. É aceitável, embora não seja ideal, ter a altura gengival de todos os seis dentes anteriores no mesmo plano horizontal. Alterações neste arranjo são consideradas indesejáveis, principalmente em situações em que se planeja tratamento protético no setor anterior (Figura 1).

3. Posição do incisivo central: a exposição do incisivo central superior com os lábios em repouso é a peça-chave do planejamento estético. Para jovens adultos (40 anos), exposições de 2 mm para o sexo masculino e 3,5 mm para o feminino parecem atraentes. À medida que a idade aumenta, devemos considerar a redução desta exposição. As dimensões dos incisivos centrais superiores também podem ser calculadas matematicamente: sua largura corresponde a aproximadamente 75% a 80% da altura dental. Ao sorrir, a borda inferior do lábio superior expõe os incisivos superiores e as papilas interdentais. Até 2 mm de exposição tecidual acima das margens gengivais dos incisivos centrais superiores, temos um resultado estético agradável. Acima deste valor, temos um sorriso gengival e alternativas corretivas devem ser consideradas.

4. Bordas incisais: a linha imaginária que passa pelas bordas incisais dos dentes superiores deve seguir ou coincidir com a curva do lábio inferior durante o sorriso. Nesta análise, os incisivos centrais são ligeiramente mais longos que os laterais e os caninos. Quando o inverso ocorre, a aparência do paciente torna-se envelhecida.

5. Linha média: refere-se a uma linha vertical formada pelo contato dos incisivos centrais superiores. Deve ser paralela ou coincidente com a linha média facial e perpendicular ao plano incisal. Uma linha média corretamente posicionada contribui de forma harmônica para a composição do sorriso. Desvios entre linha média facial e dentária de até 2 mm são aceitáveis e, na maioria das vezes, imperceptíveis. Desvios significativos (maiores que 3 mm) podem comprometer seriamente a estética. Vários pontos anatômicos podem ser guias úteis para avaliar a linha média da face. O centro do filtro labial superior é considerado o mais preciso destes marcos anatômicos.

6. Ameias incisais: partindo da linha média para distal, apresentam progressão em sua abertura. São uma característica de dentes jovens e, com o passar dos anos, devido ao desgaste incisal, tendem a desaparecer. Essa situação também é encontrada em pessoas que desenvolvem hábitos parafuncionais relacionados ao desgaste dental.

7. Inclinação axial: os dentes anteriores tendem a se inclinar distalmente em relação à linha média, ou seja, a implantação destes dentes faz com que seu longo eixo não seja paralelo à linha média, apresentando uma discreta divergência no sentido apical. Em uma visão frontal, a inclinação axial dos dentes posteriores apresenta a mesma inclinação dos caninos em relação à linha média.

8. Corredor bucal: é definido pelo espaço entre as faces vestibulares dos dentes posteriores e o ângulo formado pelas comissuras bucais. Esse espaço pode ser moderado, amplo ou nulo. Em um sorriso harmonioso, encontra-se um espaçamento moderado. Nos casos de reabilitação protética, deve-se estar atento à presença de um corredor bucal simétrico e que não seja totalmente preenchido com as restaurações.